terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sobre o (“nosso”) Carnaval.

Amanda: "Então vocês fazem essa festa toda só para fazer festa, para comemorar?".

Ana: "É, sim".

Esse ‘diálogo’ apareceu entre umas e outras conversas que tivemos com a Amanda e a Rogina, com quem eu e Thaís (DF) passamos o final de semana do homestay.

Fomos a Rock Island (sim, essa cidade existe, Dr. Mosses, e fica a caminho de Nashville). Minha primeira impressão ao chegar àquela "casa" de cerca de dez (10) quartos foi de ter compreendido, num piscar de olhos, o gérmen da crise econômica de 2008-2009...

Talvez o homestay teria como objetivo conhecermos melhor sobre o modo de vida de uma família estadunidense. No entanto, a árvore genealógica da nossa hostfamily partia com um pé do Egito, pelo lado materno, e outro half-coreano e half-alemão, pelo (não podia ser diferente) paterno.

Dessa mistura, surge a reação do Andrew (irmão da Amanda) ao eu lhe falar que tinha mais traços egípcios que as meninas foi a de lamentar-se dizendo que desejava parecer-se mais com um "americano". Eu lhe respondi: "Há! But you are American"!

Ele calou-se. Sua concepção de “americano” com certeza era uma (fixa); aquela que (talvez) muito conhecemos através das produções da sétima arte (e do que eu não chamaria tanto de arte, como um Super Size Me).

A questão que me coloquei, à hora, foi: ‘O que é ser estadunidense ("americano")?’

E, pois que Dr. Diacon, na aula de ontem, complementa: e ‘O que é ser brasileiro?’.

O resultado do nosso breve debate em grupo foi um tanto simples (ou um tanto complicado): descobrimos que, sobre On Being Brazilian, somos de todos os tipos: tipos de raças (miscigenadas!), tipos de crenças, de formas, de gostos, de sabores, de amores (assim diriam alguns emepebistas). Somos de tudo. Mas não sabemos definir objetivamente (e por que a necessidade de uma definição objetiva?) o que, então, é ser brasileiro.

O documentário do Discovery Channel (entre umas alfinetadas e outras) fecha as cortinas do seu palco afirmando que “The American dream is to transform yourself into whatever you want. The Brazilians share that dream, but for them the transformation is often fleeting. One moment of perfection counts for more than a lifetime of quite good. In sport, in art, in business, in life they live for the moment.”. Ou seja, nossa transformação é transitória, momentânea, mas o é tal que comemoramos cada degrau que subimos, seja qual for o caminho a que essa escada levará.

Nisso, enfim, concordamos. Ah! Se concordamos! É tal que concordamos que a comemoração do Carnaval, essa festa por festa, ‘Amanda’, embora realizada das mais diferentes formas (seja com desfile, como samba, axé, praia ou chimarrão), é a nossa maneira de viver. Onde o pobre vira rei e o rico desce a ladeira como folião. Desce, sobe.

E quanto à primeira pergunta?

Seguimos levando a vida aqui no Tennessee buscando descobrir o que é ser estadunidense.

Porque brasileiro acredito que já descobrimos. É ser. SER. Somos brasileiros. Somos.



PS.: Uma foto com a nossa host Amanda na ida às Twin Falls, TN.


2 comentários:

  1. Shakesperiano... to be or not to be! Engraçada a necessidade do ser humano de definir tudo, não? É muito difícil, mesmo!

    Beijos e continuem aproveitando!

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  2. Parabéns pelo post, Ana! Lindo mesmo!

    Tua última frase conseguiu definir perfeitamente a forma como me senti ao final da aula do Dr. Diacon! É isso o que eu mais gosto em intercâmbios: além de aprender mais sobre a cultura do lugar que estou visitando, posso aprender mais sobre mim mesma e sobre minha própria cultura!

    Beijos,


    Sílvia

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