quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Friends in {all} places.

Suzana Petropouleas (SP)

Depois de 6 semanas das mais divertidas e interessantes  da minha vida – e eu ousaria dizer que da vida de todos os SLs – domingo nosso programa finalmente chegou ao fim, a medida que cada um chegava às suas casas brasileiras em todas as regiões do país. Parte de ser um SL é se acostumar a estar constantemente próximo a ou rodeado de outros 19 SLs, então esse fim traz consigo uma sensação de vazio inevitável.  Cadê aquelas 19 pessoinhas falando alto ao meu redor, alternando entre o português e o inglês com seus sotaques regionais particulares?
Algumas 3 ou 4 músicas típicas do Tennessee marcaram nossa estadia nesse simpático Estado.  ‘Friends in Low Places’ foi uma delas. Acho que é muito fácil nos relacionarmos com a ideia geral dessa música por conta de todos amigos que fizemos, por todo o Brasil e em diferentes cidades e estados americanos. Brasileiros, americanos, uruguaios, canadenses, argentinos, peruanos... E em algum lugar da minha memória ficará para sempre guardada a lembrança do nosso grupo cantarolando essa música em ônibus de viagens pelas estradas dos EUA...

 

I’m not big on social graces
Think i’ll slip on down to the oooooooaaasis,
Oh, I got friends in loOoOow places...
 

 Milena e eu com nossa Host Family, os Hayes.
Acho que o sentimento de saudade que começa a surgir só é superado pela imensa sensação de gratidão e alegria por tudo que vivemos. Como Student Leaders, nós conhecemos Brasília, a Embaixada dos EUA no Brasil, seus lindos funcionários (beijo, Vera!) e  o Embaixador americano. Viajamos de avião por quase 10 vezes (e alguns de nós nunca tinham feito isso antes!). Ficamos em hotéis incríveis e fomos hospedados por famílias americanas ainda mais incríveis. Conhecemos mais de 7 cidades em 5 estados, incluindo New York, Atlanta e Washington DC, com todos os monumentos e lugares que tanto tínhamos visto antes em filmes. Moramos em Knoxville, uma típica cidadezinha do Sul dos Eua com restaurantinhos de beira de estrada, maioria protestante e republicana, sotaque arrastado e tudo o que se tem direito quando se pensa na típica 'America' interiorana. 

Student Leaders do Brasil, Argentina e Uruguai
em Washington D.C
Visitamos a ONU, o Memorial do World Trade Center, os estúdios da CNN, uma comunidade de índios nativos americanos e a cidade e comunidade em que Martin Luther King nasceu.  Esquiamos e patinamos no gelo, vimos a neve, brincamos na neve e... caímos na neve. Muitas vezes. Fomos em típicas festas americanas, com o copinho vermelho e a música, e numa festa de Mardi Gras.  Aprendemos passinhos de country, conhecemos o Capitólio, vários Museus e um Senador americano. Assistimos musicais na Broadway e passeamos pela Times Square. Conhecemos projetos e programas de voluntariado muito bonitos e pudemos participar e ajudar em alguns deles. Comemos muita comida americana e italiana e provamos tailandesa, coreana e outras variações. Fizemos compras (muitas delas!). Conhecemos os SL de toda a América do Sul e dividimos os quartos e o Programa com eles por vários dias.


E, o mais importante, fomos por um mês alunos da University of Tennessee e  tivemos uma experiência profunda do que é estudar numa universidades americana, com seu espírito de comunidade e infraestrutura , e aulas sensacionais com professores premiados e renomados. Eu aprendi tanto, mas tanto, que agora de volta a minha casa me surpreendo com o pouco que eu sabia sobre os EUA antes de ir. Uma outra música cantada pelos SL na viagem tem um verso que diz algo assim "but if you walk the footsteps of a stranger/you'll learn things you never knew you never knew".  Em muitas aulas e viagens eu me surpreendi aprendendo um monte de coisas que antes eu nem sabia que não sabia.
Não quero chover no molhado, mas preciso ressaltar, assim como o Pedro fez no último post, o quão sensacional foi esse grupo. Pessoas de coração gigantesco e inteligência incrível. Me lembrarei com carinho de nossas experiências, risadas e debates. Acredito que ali no Melrose Hall, em meio a tantas aulas sensacionais, conseguimos criar um ambiente muito enriquecedor e confortável pra discussão das nossas ideias e opiniões, por mais divergentes que estas muitas  vezes fossem. Além disso, fiquei sempre positivamente impressionada com a generosidade e altruísmo que cada um demonstrava – seja pra ajudar um outro SL atrapalhado, machucado ou doente, ou em alguma de nossas experiências de trabalho voluntário por lá. Por isso, quando eu olho em retrospecto para tudo o que vivemos juntos nesse programa (e QUANTA coisa foi!) tenho muito orgulho do quanto aprendemos , do quão longe fomos e de quanto conhecimento pudemos trazer, agora, de volta pra casa.

“For me,  I’m driven by two main philosophies: know more about the world today than I knew yesterday and lessen the suffering of others. You would be surprise how far that gets you” - Neil deGrasse Tyson.

 
    
See y'all!

 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

As pessoas

Por Pedro Delfino- Minas Gerais/ Belo Horizonte                       
       A nossa viagem chega ao fim e muitas lembranças boas vêm a nossa mente. No entanto, existe um fato que se destaca: as pessoas.  Primeiramente, gostaria de falar do nosso grupo que, apesar de bastante heterogêneo, tornou-se  muito unido. Nos momentos de despedida hoje mais cedo era muito perceptível que existe uma forte ligação emocional entre os membros do nosso grupo.  Lágrimas e emoções rolaram até mesmo no rosto dos mais durões ( eis um deles que  aqui escreve). Vindo de um membro, essa informação talvez pareça meio parcial. No entanto, várias pessoas de fora do grupo, como professores e staffs, elogiaram nosso grupo e falaram da bela relação que tínhamos com nossos pares. Uma relação de respeito, carinho e muita diversão. Foram muitos momentos divertidos que me deixam alegre só de lembrar. A formação desse grupo com certeza é um dos fatores que mais contribuiu para o SUSI ter sido a melhor experiência da minha vida.


                                                       Pessoal  Capitólio- Washington D.C.


       Além dos meus colegas de grupo, também gostaria de ressaltar as pessoas do Tennessee. Antes de a viagem começar, nós recebemos instruções em Brasília sobre como deveríamos nos comportar em relação às saudações e às relações interpessoais.  Aprendemos que deveríamos ter certa cautela com os beijinhos de saudação típicos dos brasileiros e com o respeito ao “espaço individual”. Essas explicações me deixaram com um certo receio de me aproximar de Americanos  e eu formei uma imagem de que eles seriam mais fechados,   mais sérios e menos amigáveis que um brasileiro.

       Bom, a experiência empírica me provou que eu estava errado!  Conforme eu fui conhecendo pessoas no Tennessee, eu fui percebendo o quão abertas, amigáveis, educadas e caridosas elas eram.  Existe sim a questão do espaço individual, os Americanos não se sentem muito confortáveis com saudações de maior contato físico e é considerado como algo significativamente grosseiro um esbarrão, por exemplo. Mas em relação ao que realmente essencial à experiência social, os americanos são muito legais.
                                    

      ( Da esquerda pra direita ) Kate Mcgregor, Claudio, Macho ( Pedro Teles), Laura Powell, Eu e Paula no farewell dinner de despedida.  Cool American friends !

           Uma boa forma de comprovar essa abertura dos Americanos era o que eu costumava fazer no almoço. Ao invés de sentar com os meus amigos brasileiros, eu ia em direção a uma mesa com americanos, explicava que era um estrangeiro em um curto programa de intercambio, mencionava meu desejo de conhecer mais pessoas e perguntava se eu poderia me juntar a eles para almoçar. Em absolutamente todas as vezes que eu fiz isso, eu fui bem recebido. Além de me aceitarem, em todas as vezes eu tive conversas produtivas. Aliás, é interessante mencionar que eu fiquei impressionado com o que a galera do Tennessee sabia do Brasil. Os que conheciam bem nosso país não eram maioria, mas os que sabiam algo do Brasil mostraram um conhecimento significativo, falando um pouco de português,  tendo visto os dois filmes Tropa de Elite, conhecendo músicas (destaque pra Michel Teló), sabendo os nomes dos times de futebol e houve  um que sabia até histórias do Período Joanino, período que um número expressivo de brasileiros não sabe explicar o que foi.

       O meu amigo  Eddie Kombie. Estudante de engenharia ambiental, descendente de imigrantes do Quênia. Ele está aprendendo português desde Agosto, estudou o Pantanal e conhecia o Período Joanino. Ah e ele sabia que Buenos Aires é na Argentia, e não no Brasil !   
       
        Essa atitude contribuiu para a quebra de dois mitos: o de que o americanos são fechados e o de que os americanos não sabem nada do Brasil. Além disso, minha experiência reforça  a Southern Hospitality, a fama de que nos Estados do Sul do EUA as pessoas são gentis e abertas.  Apesar de simples, a atitude do almoço me ajudou a ter contato com americanos normais, contribuindo para que eu fizesse amizades e incrementando meus estudos sobre os EUA. Isso mesmo, eu realmente considero que essa experiência social tem um papel fundamental no meu esforço em entender melhor o Tio Sam, uma vez que para se entender um país é preciso ir além dos livros e entender as pessoas.

                                     
        Eu e meu amigo Matt Harp. A camisa do Galo Doido ( Atlético Mineiro) pela camisa de treino que só os jogadores do time de soccer da UTK têm acesso. Ele conhecia os times brasileiros e os jogadores ! Aliás, melhor até do que alguns de meus colegas brasileiros haha

         Várias pessoas que conheci nessa viagem são interessantíssimas. É uma pena que eu não vá conviver mais diariamente com elas.  Entretanto, as conversas e os risos que eu tive já me transformaram. E isso eu vou carregar pra sempre.  O meu sentimento atual é de gratidão e de saudosismo. Obrigado a todos os que contribuíram para essa experiência. Ela foi tão boa que mesmo poucas horas após o seu término eu já sinto saudades !     

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Is this the end? (Esse é o fim ?)

Por Luísa Saraiva - Porto Alegre/RS

Apesar de só voltarmos para o Brasil amanhã (Hey, ainda teremos mais posts até lá!), de uma certa forma   nosso programa chegou ao fim ontem.
Depois de 5 semanas participando do SUSI (ou Winter Institute)  encerramos ontem  o programa com uma apresentação final. Os três programas SUSI (Arizona, UTK, ITD) para a América do Sul se reuniram para   compartilhar  com os membros dos outros programas com o U.S Department of State suas experiências, aprendizados e descobertas durante esse período. Nossa apresentação reuniu muitas fotas que descreveram os momentos mais marcantes dessa viagem, os impactos em nossas vidas e nossos aprendizados sobre a sociedade americana.

Waldo representando o grupo na apresentação

Pedro representando o grupo na apresentação

(Faltou a foto da Erica, nossa outra representante, sorry)


Também recebemos nossos certificados de participação e nos tornamos oficialmente alumni (ex-alunos) do SUSI. E agora o que faremos? Esse é o fim?
NÃO, esse é apenas o começo!
As palestras sobre o  Education USA,  Fulbright e sobre a network para alumni dos programas do governo americano nos mostraram  que muitas outras oportunidades nos esperam para voltarmos para os EUA ou desenvolvermos projetos sociais em nossas comunidades no Brasil.
Ou seja, definitivamente, o impacto do Student Leaders em nossas vidas não acaba aqui.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Voe Alto

Às vezes eu paro pra pensar o quão ridícula é a ideia de passar cinco semanas nos EUA financiada pelo Departamento de Estado Americano.

Cinco semanas, nos Estados Unidos, estudando numa universidade com uma infraestrutura sensacional, com professores de renome super atenciosos, passando por Atlanta, Washington e (claro, porque não?) Nova York. Tudo isso conhecendo vinte novos amigos, de todo o Brasil, pessoas maravilhosas que estranhamente tem tudo em comum com você, tendo um background completamente distinto. Só que, detalhe, de graça. Na verdade, imagine que você vai até ter um auxílio($) generoso para essas cinco semanas. Hum... ai, ai. Isso porque eu nem falei da cama do Four Points, o hotel que você vai ficar hospedado enquanto estiver estudando por aqui.

Eu sei. Ridículo! E a razão de eu estar comentando isso de maneira tão informal é porque eu quero passar exatamente a sensação que eu tive quando me deparei com esse link, a mais ou menos seis meses atrás, quando descobri o programa dos Student Leaders.

Hoje, enquanto nós, os vinte brasileiros selecionados para esse programa, estão espalhados entre quartos e corredores no Dupont Hotel em Washington definindo os últimos detalhes da nossa final presentation, pensamos também como explicar pra nossos amigos no Brasil o que foi toda essa experiência, que parece completamente absurda, e que, na verdade, foi real pra todos nós.

Confesso, no entanto, que ainda nos parece um tanto quanto absurdo, haha. Ainda temos presente aquela mesma sensação de incredulidade de quando abrimos o e-mail confirmando a nossa seleção no programa. Mas o espanto e a gratidão que ficam dessa experiência, passado cinco semanas, nos ensinaram uma das mais valiosas lições: que as melhores oportunidades e idéias que vamos ter para a nossa vida, serão aquelas que se apresentarão mais surreais a princípio. A importância dessa experiência foi dar aquele gostinho do que vem a seguir, e do que é possível. De que somos capazes, e de que é importante passar essas idéias adiante. Hoje, seis meses passados de incríveis momentos e surpresas, é meu último dia de post nesse blog, e mesmo não sabendo quem está lendo esse texto aqui, ou como você achou esse link, eu queria te motivar a pelo menos tentar participar dessa experiência. Ou se seu sonho for outro, que não desista até que ele seja concretizado. Hoje, eu sei que cada um de nós merece nada menos do que tudo o que desejamos, e que tentar voar alto, muitas vezes, não custa nada. Por mais que pareça absurdo.


Por Julia Leão

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Mardi Gras e Big Apple

Por Joao Mateus de Freitas Veneroso - Belo Horizonte/MG

Nossa despedida do Tennessee nao deixou nada a desejar depois de quatro semanas. No nosso ultimo dia em Knoxville, nos fomos a uma celebracao de Mardi Gras, uma festa muito parecida com o Carnaval que e bastante famosa em New Orleans e em outras cidades americanas que tiveram historico de colonizacao francesa. A festa era de um amigo da nossa coordenadora, a sempre presente Shennan Williams, e ela contou com fogueira, cama elastica e muita danca. Enquanto as pessoas pulavam carnaval no Brasil, a nossa festa nao deixou nada a desejar, muitos professores da Universidade do Tennessee compareceram e foi muito divertido encontra-los em uma situacao de tanta descontracao e alegria, os mais empolgados ate usavam fantasias. A festa de Mardi Gras precede o periodo da quaresma e, por isso, ela as vezes tem uma conotacao de ser um momento onde as pessoas cometem muitos excessos, assim como no carnaval. Nao e a toa que a celebracao nao e muito popular no Bible Belt e especialmente em Knoxville, que foi considerada a cidade mais bible minded de acordo com a American Bible Society. 

Aqui estamos reunidos em frente a fogueira, onde tivemos violao e gaita tocados pelo nosso amigo de roxo e verde, Toby.

Depois da festa alguns de nos ainda prepararam suas malas para a viagem para Nova York. No dia seguinte estavamos todos animados para conhecer essa cidade que aparece em tantas series e filmes americanos. Chegando la nos conhecemos pessoas de varios paises da America Latina, que estudaram no Arizona enquanto estavamos no Tennessee e de noite fomos passear pela Times Square e patinar no Rockefeller Center. Hoje, alguns de nos vao no Central Park, que esta todo coberto de neve e mais tarde vamos sair pra explorar a Big Apple.



Ate a proxima.

New York, New York!

Por Diana Moura - Natal/RN

Após uma semana cheia, apresentações individuais e muitas malas para arrumar, nada melhor do que começar o dia com a vista maravilhosa da ensolarada New York! A paisagem ainda estava branquinha de neve e a vista do avião surpreendeu a nós todos. Era MARAVILHOSA! A cidade é enorme e muito bonita, um dos lugares mais incríveis que eu já vi. Mesmo estando com muitas saudades das nossas aulas muito boas na UT e da cidade de Knoxville, não posso negar que gostaria de ficar mais tempo aqui.

"In New York,
Concrete jungle where dreams are made of,
There's nothing you can't do,
Now you're in New York,
These streets will make you feel brand new,
Big lights will inspire you,
Let's hear it for New York, New York, New York"

Ao chegar, nos encontramos com os alunos da Universidade do Arizona. Foi muito bom conhece-los e praticar um pouco o espanhol. Fomos todos juntos visitar a Times Square, muuuuuuuuuuito legal e depois alguns foram ao Rockefeller Center para patinação no gelo e outros foram passear pela cidade. Foi muito bom. 

Eu e Fredy, estudante do SUSI no Arizona em Rockefeller Center



Terminamos a noite indo jantar num dos restaurantes mais legais da viagem inteira. O Hard Rock Cafe-New York. É uma mistura de bar, restaurante e museu do rock. A trilha sonora é incrivelmente boa e a decoração do lugar é inspiradora. Por fim pegamos o famoso táxi amarelo da cidade e voltamos ao hotel. Amanhã mais aventuras nos esperam nos pontos turísticos da cidade. Estamos todos ansiosos para isso!



Um beijo a todos!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Semana de despedida da UT e Bible Belt


Por Erica Coutinho - São Paulo/SP


Olá pessoal!

Essa nossa última semana na UT realmente foi um tanto frenética. Nos todos já havíamos começado a estudar, discutir e preparar a apresentação final para Washington D.C., e agora teríamos então nossas apresentações individuais. A melhor parte disso e que teríamos liberdade para falar daquilo que mais havia nos marcado em relação a historia, politica ou cultura norte-americana durante nossa estadia nos Estados Unidos, ou seja, poderia ter um tom muito experiencial e pessoal. Foi exatamente assim que selecionei meu tema.

Desde que chegamos aqui, algo que me chamou muito a atenção foi a numerosa e forte presença das igrejas protestantes em Knoxville. Em uma viagem a Nashville, durante o homestay, chegamos a ver mais de uma igreja por quarteirão! E isso tem uma explicação: estamos na região conhecida como o Bible Belt, ou Cinturão Bíblico, em português.  Corresponde a região sudeste dos Estados Unidos, estados como as Carolinas do Norte e do Sul, Geórgia e Tennessee. No Bible Belt, conforme muitas vezes tratados pelos nossos professores na UT, há uma tendência social mais conservadora e a forte presença protestante, remontando as fundações coloniais, o que reflete muito na cultura local. A denominação mais forte da região é a tradicional Igreja Batista.

 A presença de casas afiliadas a denominações cristãs dentro do campus muito se destacou aos olhos, algo que jamais veríamos em instituições públicas no Brasil. Fiquei tão interessada no assunto que acabei seguindo esse caminho para minha apresentação final. Prossegui visitando algumas das casas cristãs no campus e fazendo entrevistas com os pastores responsáveis por cada uma dessas denominações, para saber um pouco mais da sua presença e importância na universidade.  Visitei o Ministério Presbiteriano, o Baptiste Collegiate Ministry, ministério batista, e a Tyson House, ministério luterano no campus.


Baptiste Collegiate Ministry - casa batista no campus


The Tyson House - ministerio Luterano


Ministerio Presbiteriano


 No decorrer das entrevistas, descobri que na realidade, as casas e o terreno em que foram construídas não pertencem à universidade, mas são propriedade das denominações cristãs que representam. A universidade, com o passar dos anos foi expandindo seu território e acabou por “incorporá-las” em seu território, circundando terras que antes estariam fora do campus.

Todos os representantes com que tive a oportunidade de conversar me contaram que as casas, ou centros cristãos, conforme também são denominados, estão abertos para cristãos e não cristãos, e estão, de modo geral, socialmente engajados, preparando refeições a baixo custo, e às vezes, até mesmo gratuitas aos alunos do campus que sentirem o desejo de conhecer um pouco mais dessas comunidades. De igual modo, participam de eventos da universidade, como o Homecoming event ou o All-sing Competition. E de uma maneira especial, eles estão preocupados com a vida pessoal e espiritual da comunidade universitária, oferecendo espaço para questionamentos, dúvidas, para estudos e mesmo para apenas conversar, conhecer pessoas, fazer novos amigos e ter bons momentos. Os pastores afirmaram que esses centros também estão prontos a auxiliar estudantes na resolução de conflitos e problemas familiares, a lhes dar apoio e auxiliar em momentos de crise.

Nessas casas também há momentos de estudo bíblico e mesmo cultos de louvor e adoração, permitindo aos alunos que não conseguem ir aos tradicionais cultos dominicais, a oportunidade de prestar culto conforme sua disponibilidade, e ao mesmo tempo lhes oferece uma sensação de pertencimento, por estarem ao meio de outros estudantes, com um estilo de vida, duvidas e pensamentos muito parecidos aos seus, inclusive havendo espaço para aqueles desejosos em servir as pessoas por meio de missões. Eu mesma tive a oportunidade de participar de uma noite de palavra e louvor na Baptiste Collegiate Ministry, e foi uma experiência e tanto e ainda tive a oportunidade de fazer novos amigos, que certamente vou levar para o resto da vida.

Resumindo, as casas cristãs no campus possuem o objetivo de oferecer um ambiente seguro e saudável à comunidade universitária, de ser um segundo lar, cuja principal função seria andar lado a lado dos estudantes durante esse novo período na jornada da vida.

Essas entrevistas e pesquisa me ajudaram muito a compreender um pouco mais do espírito, das formas de pensamento e expressão de uma parte representativa dos habitantes dessa região do país, assim como entender que apesar do grande respeito pela liberdade individual, há uma grande preocupação pelo bem estar e pelo senso de pertencimento a uma comunidade, e de um modo especial, com o possuir de um ancoradouro espiritual.


 Pois é, e realmente esse dia esta chegando. O fim. Knoxville, nos encantamos muito com suas cores, com suas variações climáticas – que ate nos proporcionou neve!-, com sua gente e hospitalidade. E a Universidade do Tennessee... ah! A Universidade do Tennessee marcará para sempre nossas vidas. Para fechar a tarde, a representação do pôr-do-sol na cidade mais pitoresca e nostálgica que já vivi:





Eu e a linda sunsphere ao fundo


Quatro semanas que passaram tão rápido como o vento, mas que são simplesmente momentos eternos nos corações dos SLs.  Será sempre Home Sweet Home to us! 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Daniel Silva - Montes Claros/MG

O dia 06/Fev não poderia ter começado mais agitado. Além das duas ótimas sessões que tivemos, teríamos de preparar as apresentações finais do nosso programa em Knoxville! A apresentação é individual e de tema à nossa escolha, visto que seria um sumário do que aprendemos durante este mês maravilhoso no Campus da Universidade do Tennessee.

Nossas atividades, devido à apresentação, foram  leituras e criação de slides.

Mas o dia também era de comemoração! Aniversário do nosso amigo Leonel! Não podíamos deixar passar em branco, mesmo sob a pressão de fazermos as apresentações, então, no cantar das 23h fomos todos ao segundo andar do hotel para cantar parabéns. Aproveitamos a deixa pra tirarmos uma folguinha, e logo em seguida já voltamos ao trabalho.

Um mês já se foi e em alguns dias estaremos deixando Knoxville em direção à Nova Iorque. Tenho certeza de que sentiremos muita falta disso tudo aqui! A UTK já parece a nossa instituição de ensino (agora não nos perdemos nela com tanta frequência mais, haha) e o hotel já é a nossa "casa". O programa não poderia estar sendo melhor. Hora de começar a planejar NY!




Até mais, pessoal!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Melrose, Hodges and Hooters: Um dia típico em Knoxville

Claudio A. Azzi - Rio de Janeiro/RJ

Imagine você tendo uma aula incrível com um professor expert no assunto em pauta e vários alunos de diferentes origens acadêmicas e geográficas fazendo perguntas desafiantes para o professor.
Uma aula poderia ser melhor?

Só com um solo de trompete entrando no fundo do ouvido.
Prestando um mais de atenção consigo ouvir um linha de bateria vindo de uma direção.
E de uma terceira direção uma melodia de piano completando o show de jazz natural.
Esse é o clima do Melrose Hall, onde temos a maior parte das nossas aulas e onde nossa aventura começa hoje.
Devido a algumas obras muitos estudantes de música ficam praticando em seus dormitórios perto desse belo prédio, tornando nossas aulas ainda mais agradáveis.
Melrose Hall, o melhor lugar do mundo para se ter aulas

Depois de uma ótima aula (de três horas!) com o prof. Javier Corrales sobre a relação diplomática entre Brasil e EUA com foco na ascenção do primeiro na América Latina, almoçei no PCB (Presidential Court Building). Conhecido como Paradise Comes with Brownies (Paraíso vem com Brownies) para os íntimos, este lugar mágico te permite comer e beber o quanto você quiser de diversas opções de comida por pouco mais de 5 dólares. Uma ótimo negócio por aqui.

Após alguns momentos de recuperação fisiológica e mental, trabalhei um pouco mais nas nossas atividades e em projetos pessoais. A parte mais interessante dessa parte mais labutosa do dia foi contribuir para o vídeo que está sendo gravado para nossa apresentação em Washington, DC. Os talentosos Milena e Leonel gravaram eu e Joey dando um depoimento sobre nossa relação com um lugar bem marcante pra gente na UT, a biblioteca Hodges.


"Belo" take do vídeo ironicamente cedido pela equipe de produção

Finalizando o dia com chave de ouro, fui convidado por umas meninas que conheci em um grupo de prática de inglês para jantar em um restaurante bem típico aqui dos EUA: o Hooters!
Elas estudam cultura asiática e levaram um amigo coreano com elas.
Convoquei alguns amigos e parti para mais essa aventura.
Foi bem divertido a conversar com elas e poder ver os EUA de perceptivas tão diferentes.
Como vocês podem ver no link abaixo e na foto, lá encontramos comida muito boa e uma atendimento bem especial.
http://www.hooters.com

Marcelle e Fernanda, não fiquem chateadas! Eu arrastei os meninos para não ir sozinho
O restaurante tem no cardápio diversos pratos tradicionais da baixa culinária americana em versões muito gostosas e conta com uma equipe de jovens, belas (nos padrões americanos) e simpaticíssimas atendentes. E se destacar pela simpatia é algo realmente impressionante no tão receptivo sul dos EUA.

Por mais especiais que essas experiências sejam, quando analisadas junto com os outros dias aqui em Knoxville percebemos que esse foi um dia típico: muito estudo e experiências culturais interessantes.

Agora pra finalizar o dia típico de Student Leader, vou gastar minhas últimas energias estudando até amanhã.

Obrigado por sua atenção!
Beijo pai

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Estado e Liberdade nos States


Bruno Arthur Hochheim

Essa postagem trata de algo que ocorreu numa sala de Direito, numa aula de Direito. Mas como esse e um "blog" para o publico em geral, e nao se deseja que ele adormeca, nao se tratara especificamente dessa area do saber. O foco aqui sera uma das experiencias antropologicas mais interessantes que eu ja tive.
Infelizmente, nao descobri como usar a acentuacao do portugues, nem como carregar imagens com esse tablet. De fato, esse e o segundo texto que eu escrevo, uma vez que eu perdi a primeira versao - e seu backup - anteriormente, enquanto tentava providenciar tdo isso. Nao me arrisco mais por ora, e envio tudo assim mesmo.

Estavamos analisando um livro, e o professor passou a critica-lo. Ele seria muito maniqueista, muito "black or white", uma vez que, basicamente, se baseava na
ideia de que a acao estatal e a liberdade individual encontram-se em posicoes diametralmente opostas; que uma maior acao do Estado implicava, necessariamente, uma diminuicao na liberdade dos cidadaos. O problema, defendeu o professor, e que a coisa nao seria assim tao simples. O Estado tambem tem seu papel a cumprir, sendo ele chave para a liberdade. Tem que ele agir para que se possa ter liberdade.
Ate ai tudo bem, nada de novo para mim. No fim, e esse tipo de raciocionio que fundamenta acoes como atuacao na saude publica e protecao ao consumidor. O interessante foi a reacao dos demais alunos.
Uma atmosfera de choque e perplexidade tomou de assalto o recinto. A incredulidade pairava no ar. Pouco tempo depois, comecaram os alunos a mostrar resistencia as ideias sustentadas pelo professor. E essa resistencia era mais originada pelo estranhamento frente ao novo do que por discordancia ideologica. E como se eles nunca tivessem ouvido falar de algo assim.
Foi nessa hora que caiu a ficha, e que passei a entender muito do que acontece nesse pais Ha aqui uma crenca genuina de que o Estado e essencialmente ruim, devendo ser cuidadosamente vigiado. Necessariamente, quanto maior ele for, menor sera a liberdade do cidadao.
Por isso ha tanta resistencia por aqui a projetos como o de maior controle de armas, ou mesmo healthcare. Entende-se que a expansao do poder estatal que deles decorre e uma diminuicao da liberdade individual, o que nao e toleravel; maior o Estado, menor a liberdade individual. E realmente nessa logica que, muitas vezes, se opera por aqui. Nessa visao, a protecao que o healthcare forneceria nao passaria de um grilhao a sufocar o cidadao. Dai tanta resistencia.
E e justamente devido a esse tipo de raciocinio que muitos cidadaos desse pais passam muitas horas de seu tempo em servicos voluntarios, mas nao toleram que o Estado atue nas mesmas areas. Isso e uma extensao insportavel do aparato estatal, segundo essa essa visao.
Para piorar, as duas iniciativas acima citadas (controle do armamento e healthcare) vem do governo federal. O aparato estatal ja eh visto, por si so, como algo ruim. Mas com mais desconfianca ainda se encara o governo federal. Teme-se muito que ele concentre demasiado poder e esmague os cidadaos e os estados, destruindo-os.
E claro, os EUA sao um pais enorme, apresentando uma grande variedade de pessoas. Nem todas pensam do mesmo jeito, como mostram as eleicoes presidenciais. Mas elas tambem mostram que mais ou menos metade da populacao pensa desse jeito, ou de modo similar. E isso nao e algo a se desconsiderar.
Por isso, quando ouvir aqui criticas em relacao a atuacao do governo, lembre-se: em seu germen deve estar contida a ideia de que a atuacao estatal e inimiga da liberdade. Que o Estado e um gigante que nao pode crescer demais, sob pena de esmigalhar o cidadao.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O que é ser um líder?

Por Bianca Viana Thomaz.



Durante as três maravilhosas semanas que passei na pacata cidade de Knoxville, no interior do estado do Tennessee, tive a oportunidade de estudar a História e o Governo norte-americano de uma forma muito didática, com aulas surpreendentes lecionadas por excelentes professores. Os temas estudados variam desde a criacão dos Estados Unidos da América à evolução da Mídia e a sua influência na sociedade, passando por assuntos delicados como a Guerra Civil (luta pelo fim da escravidão) e o Movimento dos Direitos Civis (que almejava dar um ponto final na segregação racial).

Dentre essa diversidade de tópicos, temos uma disciplina muito importante e que eleva o nível deste programa acadêmico: as aulas de Liderança! Tais aulas, ministradas pela querida professora Barksdale, visam aprimorar nossas habilidades de liderança, de acordo com nossos perfis individuais, para que possamos aliar os conhecimentos adquiridos durante o programa a atividades de liderança que beneficiem nossas comunidades, seja em projetos sociais ou mesmo em grupos acadêmicos nas nossas universidades.

Ao assistirmos o filme Mr.Smith Goes to Washington, lembramo-nos de que, geralmente, os maiores idealistas são os jovens, mas que, com o passar do tempo e com más influências externas, esses princípios e ideais podem ser deixados de lado, se não mantivermos o foco e a persistência. Somos Student Leaders, jovens líderes brasileiros, o futuro de nosso país depende não só de nós, mas também de todos os jovens, adultos e idosos que almejam um futuro melhor, o declínio da corrupção e a ascendência da educação e da saúde como prioridades da nossa nação, aliados a um desenvolvimento sustentável. Devemos fazer a nossa parte, mas só isso não basta, também é necessário perseverar diante dos empecilhos e respeitar nossos valores e princípios, compartilhando-os aos proximos, buscando sempre o bem estar comum da sociedade.

A ideia de que uma pessoa, sozinha, pode realizar grandes feitos é verdadeira e estimulada entre os jovens norte-americanos; logo, se uma pessoa é capaz de tal feito, imaginemos o que uma sociedade com objetivos em comum pode realizar, o que uma nação pode realizar por si mesma e pelo restante do mundo!

Gostaria de compartilhar um trecho retirado de um dos vários livros que estamos estudando:
"Of the hated leader, the people say 'He ordered us to work.'
Of the respected leader, the people say 'He encouraged us to work.'
Of the beloved leader, the people say 'We did it ourselves.' "
(Confucius)
Tradução:
Sobre o líder odiado, as pessoas dizem 'Ele nos mandou trabalhar.'
Sobre o líder respeitado, as pessoas dizem 'Ele nos encorajou a trabalhar'.
Sobre o líder amado, as pessoas dizem 'Nós mesmos que fizemos.' "
(Confúcio)




Bom, sobre o dia de hoje, não há muito o que falar, porque, pela primeira vez em três semanas, tive um dia livre, haha. (Nao estou reclamando dos meus dias ocupados, mas é bom um dia para descansar.) No entanto, passei o dia estudando na maravilhosa biblioteca da University of Tennessee, que é aberta 24h, 7 dias por semana, provavelmente 395 dias por ano! :D Que maravilha! Eis uma foto da biblioteca super bem equipada da UT! Esse prédio é só uma das bibliotecas dessa universidade! *o*





Alguns passaram o dia esquiando, olha só os sorrisos autênticos deles, deu até uma invejinha! :P

Pedro, Bruno, Diana, Milena, Suzana e Leonel levando muitas quedas na neve :P


Diana, Milena e Suzana arrasando na neve! :D





O restante do grupo (quem não foi esquiar, nem ficou no hotel ou na biblioteca), foi fazer compras e passear um pouco pelas montanhas, tiraram até foto com uma famosa casa de cabeça pra baixo! Haha Isso mesmo, olha só que legal:


Luísa e a casa inusitada! :D



Felipe, Rafael, Paula, Daniel, Jonathan e Luísa! :D





Bom, é isso, meu Brasil lindo! Temos mais duas semanas aqui, que aproveitaremos bastante, e então voltaremos cheios de ideias e muitas histórias para compartilhar! Besitos! :D Hasta Luego!

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Diário da Jornada

Por Waldo Ramalho - Recife/PE


Hoje visitamos uma reserva indígena norte-americana. “Very interesting” diria Dr. Freeberg, nosso coordenador acadêmico, dono de um olhar gélido e uma barba poderosa. Apesar da sinceridade das palavras de nosso professor ser uma questão controversa, acredito que nosso passeio foi uma experiência importante.



     Dr. Freeberg, nosso coordenador acadêmico. É muito amigável e parece o General Lee.


Estou me adiantando. Vou  (re)começar esse relato com a seguinte afirmação: Hoje foi um dia cansado.


 Colega aproveitando a paisagem nevada da Carolina do Norte                             

Essa curiosa imagem retrata bem o estado de todo o grupo. Apesar da bela paisagem da Carolina do Norte e de todas as delícias visuais que o Criador colocou sobre a terra, estas não foram suficientes para evitar o estado próximo do coma em que nos encontrávamos. 

Ao que se deve esse cansaço? Diria que é culpa do lugar-comum “Work hard, Play hard”. Estamos com uma certa coisa na cabeça, que essa oportunidade é curta e precisa ser aproveitada. Não paramos um momento e ocupamos todos os turnos com várias atividades diferentes. Talvez por isso, estou com minha noção de tempo e de temperatura em um estado de bizarria sem precedentes.

Antes, dormir sete horas seria um bom descanso. Hoje me bastam cinco para me considerar um felizardo. Três horas? Bah, é o que tem pra hoje. O mesmo serve para o clima. Cinco graus? Nossa, que calor! Inclusive, esses dias eu estava andando pelo hotel com meu calção e minhas havaianas quando um americano me perguntou se sou da California. Me senti o David Duchovny.


Infelizmente aqui não estava tão "quente"

Voltando a estória. Nesse contexto de sofreguidão, hibernamos o caminho inteiro até a Carolina do Norte (foto acima), onde visitamos a tal reserva. Esperava algo primitivo. O que vi foram lojas, casas e um cassino ao passar por entre as Smokey Mountains. Professor Reed, nossa professora loiríssima de história indígena e membra da Nação Cherokee, nos levou até o centro escolar da região.


Pátio de várias construções escolares, sete "cantos" ao todo: um para cada clã


O centro escolar, um complexo educacional para cerca de 1200 nativos da comunidade. O orçamento provém de parte das rendas dos cassinos (índios e cassinos? viva a América!). O ambiente é de ponta, melhor que qualquer colégio particular do Recife em termos de infraestrutura e preocupação pedagógica. Não vou descrever esses aspectos, mas vejam uma foto do "campinho":


Milena Lumini e Daniel Silva no campo de futebol americano
Essa visita foi interessante se considerarmos nossa experiência brasileira. Muitas vezes pensamos a preservação da cultura indígena em duas opções mutualmente excludentes: ou preservamos a cultura indígena em aldeias artificialmente autóctones (ou seja, vamos clonar o índio Peri) ou os índios que usam roupas e tentam se integrar à sociedade mas mantendo sua cultura, não são índios. Os Cherokee da Carolina do Norte, comunidade que escapou do êxodo cujo roteiro hoje é conhecido como “Trilha das Lágrimas”, conseguiram preservar sua cultura desse último modo, e parecem ter obtidos resultados, no mínimo, dignos de serem comentados.


Crianças do Jardim de Infância desenham seus clãs: Bird, Blue, Paint, Long Hair, Wild Potato, Deer e Wolf.

Ao mesmo tempo em que há disciplinas de linguagem e história Cherokee e as crianças aprendem a cultura tribal e seus clãs, os Cherooke tem um ensino de qualidade e uma preocupação com a educação do seu povo (para a felicidade dos seguidores de Paulo Freire). Se esse é o melhor caminho? Não sei, mas com certeza pareceu muito bacana. Vale a pena considerar essa experiência quando vamos observar a questão do índio no Brasil sem reduzir a preservação da cultura indígena em preservação daquela imagem romântica do índio do mato, caçador e peladão.


Cherokees empresários



E pra comprovar nossa vida cansada e apressada: fiz esse post em trinta minutos. Agora vou dormir, boa noite!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

How long?

Por Suzana Petropouleas (SP)

Há alguns meses, enquanto eu lia os arquivos desse blog, a experiência de ser uma Student Leader parecia distante, intangível. Um sonho, uma fantasia  – talvez, com um pouco de sorte e muita dedicação, uma possibilidade. E agora, só alguns meses depois,  aqui estou eu, na bonita e pitoresca Knoxville, escrevendo no blog que eu tanto li, sobre a experiência que eu tanto quis viver.

Hoje, nós tivemos a oportunidade de ter uma aula sensacional sobre o Movimento dos Direitos Civis com a Dra. Fleming, uma mulher muito elegante e bem articulada, PhD no assunto pela Duke University. Além de traçar um panorama histórico muito completo sobre a segregação racial nos EUA e o Movimento em si, ela também compartilhou conosco histórias muito pessoais sobre sua juventude como mulher e negra crescendo nos Eua durante o Movimento dos Direitos Civis e do Black Power. Ela viveu a história. Viveu  a opressão, a diferenciação imposta pela segregação e toda a dor que esta trouxe, quando a equidade social entre negros e brancos nos Eua era ainda apenas um sonho, uma fantasia – quem sabe, uma possibilidade...

Dra. Fleming comentou conosco sobre seus discursos preferidos de Martin Luther King. Semana passada, em nossa visita a Atlanta, pudemos ver um trecho de um desses discursos sendo exibido num  telão lá. Pra mim, foi emocionante. Eu  gosto de palavras. Palavras estranhas. Palavras bonitas. E o Dr. King sabia usar as palavras de uma forma incisiva e muito inspiradora (aliás, em nossos estudos aqui tenho me surpreendido continuamente com a forma como os americanos sabem usar uma linguagem suave e quase poética para fins políticos – a própria Declaração de Independência, com seu ‘We hold these truths to be self evident, that all men are created equal...’  soa pra mim quase melódica). O discurso preferido da Sra.Fleming (nope, não é o 'I Have a Dream'!) foi  proferido em Montgomery, Alabama, em 1965 e é também conhecido como o ‘How Long, Not Long’ Speech.

 

"I know you are asking today, "How long will it take?" (Speak, sir) Somebody's asking, "How long will prejudice blind the visions of men?” I come to say to you this afternoon, however difficult the moment, (Yes, sir) however frustrating the hour, it will not be long, (No sir) because "truth crushed to earth will rise again." (Yes, sir) How long? Not long, (Yes, sir) because "no lie can live forever." (Yes, sir) How long? Not long, (All right. How long) because "you shall reap what you sow." (Yes, sir)"
 

Em um dado momento da nossa conversa, Dra. Fleming mencionou como era emocionante estar conversando hoje com a gente sobre uma luta que ela pode vivenciar antes que se tornasse uma parte tão importante da nossa História; sobre os flashbacks que lhe vinham à mente;  sobre os casos de afro americanos que lutaram na justiça pelos seus direitos durante o Movimento (como no caso Sweatt vs. Painter, em que Heman Sweatt batalhou obstinadamente na Justiça para fazer o Mestrado em Direito na University of Texas,  num momento da história americana em que negros e brancos estudando juntos parecia uma ideia impossível) e, especialmente, sobre como ela costumava dizer aos seus alunos da Universidade que ela achava que, nem mesmo se vivesse 120 anos, presenciaria a eleição de um presidente americano negro... Que com certeza isso não aconteceria em sua lifetime. E como foi chocante e incrível para ela, e tantos outros americanos, quando isso de fato aconteceu. 

Uma vez ouvi alguém dizer algo como ‘Não sou um otimista, nem um pessimista – sou um possibilista’. Essa conversa com a Dra., nossos estudos aqui e a viagem em si têm me feito apreciar muito mais a beleza das possibilidades. De como muito pode ser realizado, por vezes num período de tempo menor do que nosso ceticismo natural nos permitira acreditar. E como nossas concepções do que em dado momento é ou não possível podem, e devem, ser continuamente desafiadas – pelo mundo, pelo tempo, e, principalmente, por nós mesmos.  Com a coragem e o mindset necessários, é possível transformar sonhos em possibilidades, possibilidades em mudanças, mudanças em certezas. Talvez demore um pouquinho, mas... not long!

                                                                                                                             

Go Vols!!!

Por Rafael Molina - Rio de Janeiro/RJ


Hey, there!

Hoje foi um dia muito intenso e também de vitória para os Student Leaders. Pela manhã tivemos aula sobre o cinema americano com o professor Chuck Maland . O professor resumiu toda a história do cinema  ressaltando os principais avanços do desenvolvimento da indústria cinematográfica mais conhecida do mundo. No final o professor Maland comentou sobre o filme "Mr. Smith Goes To Washington" que assistimos no dia anterior. O filme gerou muita polêmica quando foi lançado por insinuar que os politicos em Washington são corruptos e agem por interesse próprio. Em 1989 o filme entrou para a Biblioteca do Congresso Americano por ser histórica e culturalmente significante.
 
A tarde alguns SL's foram visitar a escola de música "The Joy of Music", que representa muito bem o espirito do voluntariado que é tão marcante aqui nos Estados Unidos. A escola foi fundada em 1998 pelo empresário e filantropo Mr. James A. Dick e oferece aulas gratuitas para crianças de baixa renda da cidade de Knoxville.
 
O diretor Francis Graffeo nos guiou pela escola e mostrou o grande trabalho que eles fazem pelas crianças. Ele nos contou que hoje eles contam com aproximadamente 100 voluntários e 2000 alunos. Dentre desses voluntários estão vários alunos e ex-alunos da University of Tennessee - Knoxville. A escola depende principalmente de doações e todos os instrumentos e inclusive o dinheiro para reformar o prédio foram doados. Uma grande surpresa foi quando o diretor nos contou que é a organização "Second Harvest", onde fizemos trabalho voluntário semana passada, que fornece os alimentos para as crianças da escola.


                                                     Entrada da escola "The Joy of Music"

Um fato interessante da escola, é que ela participou da série "The Secret Millionaire" da rede ABC. Na série, um milionário disfarçado se passa por um voluntário para pesquisar mais sobre a escola, e no final revela sua verdadeira identidade e faz uma grande doação para a instituição. 12 milhões de pessoas no país todo assitiram a série e toda essa publicidade ajudou a aumentar as doações que a escola recebe.


SL's com o diretor da escola Francis Graffeo
 

 
A noite fomos ao jogo de basquete do time feminino da universidade. O time conhecido como "Lady Vols" ganhou de lavada sobre o adversário "Mississipi State" com um placar final de 88 - 45! Antes do início do jogo pudemos presenciar outra característica marcante da cultura americana: o patriotismo. Quando o hino nacional, conhecido como "The Star-Spangled Banner" começou a tocar, todos no estádio se levantaram e pararam para ouvir, inclusive quem estava do lado de fora. Até os vendedores e clientes das lanchonete do estádio interromperam o que estavam fazendo para ouvir o hino nacional. Algo que dificilmente vejo no Brasil.
 
 Assim, seja ajudando crianças de baixa renda a progredirem na vida ou se superando no jogo de basquete, os  estudantes da UTK conquistam uma vitória a cada dia, e nós SL's somos privilegiados de presenciar algumas dessas vitórias. Way to go Vols!
 
                                           Cheerleaders celebrando a vitória das Lady Vols

 
O mascote "Smokey" agitando a arquibancada
 
See y'all!