quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Karl Who?

Por João Victor Cabral Pereira / Londrina - PR


Eis que um porco está num avião. Sim, um porco. Num avião. E ele tem um celular (que incrivelmente não é um iPhone, mas isso já é outro assunto). Quando a aeromoça (“aeromoça” porque sou um jovem senhor, foi assim que as conheci e é assim que as chamo, mas podem chamá-las de “comissárias de bordo” se assim preferirem) se aproxima e pede pra que ele desligue o “joguinho” dele, que o avião está para decolar. O porco então explica que aquilo não é um “joguinho”, é o aplicativo da GEICO (The Government Employees Insurance Company), com o qual ele acabou de pagar a mensalidade dele. Nisso as aeromoças ficam incrédulas, não pelo rip-off de Baby, um porquinho atrapalhado, ou pelo fato do touchscreen do celular funcionar com patas de porco, mas pela engenhosidade do aplicativo, que, OMG, mostra o extrato dele e afins, que, né, o porco tem (e tira) extrato. Ela faz uma piadinha de duplo sentido e fim.

Essa, senhoras e senhores, é uma propaganda de uma seguradora com mais de 70 anos de mercado e receita bruta de mais de US$9bi feita por uma empresa que também se orgulha em ter na cartela de clientes a Kraft Foods e a Walmart.

“E o que essas empresas têm umas com as outras?” – perguntaria uma senhora geralmente parafraseada por Ciro Bottini.

“São todas americanas, minha senhora! Estadunidenses!” – diria Ciro.

“E o que tudo isso tem a ver com esse blog?” – perguntaria a vizinha da primeira senhora.

Aqui, eu peço licença para o Ciro e respondo: essa é a minha constatação (exposição, reclamação, indignação ou como quiserem chamar) de que os Estados Unidos da América não sabem fazer propaganda. Juro pra quem não me conhece e quem me conhece pode atestar, não sou a pessoa mais patriota que você vai conhecer, mas um Olivetto, uma W/Brasil sem pensar duas vezes ou sombra de dúvida.

Chega a ser irônico que o país considerado símbolo do consumismo e berço do capitalismo moderno não saiba brincar de marketing televisivo. Talvez o consumo seja tão exacerbado que eles não precisem nem mais fazer força? Talvez. Mas isso meio que nos faz pensar naquela coisa do não dar pérola aos porcos, não faz? [Faz].




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