Eis que um
porco está num avião. Sim, um porco. Num avião. E ele tem um celular (que
incrivelmente não é um iPhone, mas isso já é outro assunto). Quando a aeromoça
(“aeromoça” porque sou um jovem senhor, foi assim que as conheci e é assim que
as chamo, mas podem chamá-las de “comissárias de bordo” se assim preferirem) se
aproxima e pede pra que ele desligue o “joguinho” dele, que o avião está para decolar.
O porco então explica que aquilo não é um “joguinho”, é o aplicativo da GEICO (The
Government
Employees Insurance Company), com o qual ele acabou de pagar a mensalidade
dele. Nisso as aeromoças ficam incrédulas, não pelo rip-off de Baby, um porquinho atrapalhado, ou pelo
fato do touchscreen do celular funcionar com patas de porco, mas pela engenhosidade
do aplicativo, que, OMG, mostra o extrato dele e afins, que, né, o porco tem (e
tira) extrato. Ela faz uma piadinha de duplo sentido e fim.
Essa, senhoras e senhores, é uma
propaganda de uma seguradora com mais de 70 anos de mercado e receita bruta de
mais de US$9bi feita por uma empresa que também se orgulha em ter na cartela de
clientes a Kraft Foods e a Walmart.
“E o que essas empresas têm umas com
as outras?” – perguntaria uma senhora geralmente parafraseada por Ciro Bottini.
“São todas americanas, minha
senhora! Estadunidenses!” – diria Ciro.
“E o que tudo isso tem a ver com
esse blog?” – perguntaria a vizinha da primeira senhora.
Aqui, eu
peço licença para o Ciro e respondo: essa é a minha constatação (exposição,
reclamação, indignação ou como quiserem chamar) de que os Estados Unidos da
América não sabem fazer propaganda. Juro pra quem não me conhece e quem me
conhece pode atestar, não sou a pessoa mais patriota que você vai conhecer, mas
um Olivetto, uma W/Brasil sem pensar duas vezes ou sombra de dúvida.
Chega a
ser irônico que o país considerado símbolo do consumismo e berço do
capitalismo moderno não saiba brincar de marketing televisivo. Talvez o consumo
seja tão exacerbado que eles não precisem nem mais fazer força? Talvez. Mas
isso meio que nos faz pensar naquela coisa do não dar pérola aos porcos, não
faz? [Faz].
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